Você viu alguma caverna diferente à sua volta, ou conhece algum buraco estranho em algum terreno? Em alguma obra de rodovia, ou em escavações você viu alguma formação curiosa? Já viu grades túneis em barrancos, “cavernas de índios”, “tocas de bugres”, ou ouviu falar de algo parecido? Se algo disso tudo pareceu familiar, então provavelmente você já viu ou esteve perto de uma Paleotoca.
As paleotocas são na verdade subterrâneos escavados por animais da megafauna já extintos, exemplos deles no Brasil são preguiças e tatus gigantes. Com o decorrer do tempo, algumas destas estruturas de acordo com o local resistiram ao tempo e mantém suas características até hoje. Algumas delas, dada a sua grande e resistente estrutura escavada em arenito, foram posteriormente utilizadas por outros animais, posteriores à extinção dos seus “criadores”. Algumas ainda após, foram utilizadas por índios e caçadores em geral, fazendo com que estes túneis estejam sempre carregados de lendas e mistérios.
Mas a verdade é que geralmente estas tocas/túneis/cavernas/furnas/buracos possuem histórias mais ricas do que as ligadas à tesouros e achados arqueológicos, pois pertenciam à animais gigantes já extintos que foram capazes de escavar estas grandes estruturas que proporcionaram abrigo futuro para outros animais menores e diversas lendas ligadas à índios, bugres, jesuítas e caçadores de tesouros.
Sendo assim, as paleotocas não são acidentes geológicos naturais, elas não possuem estalactites, estalagmites e não possuem as características formais de uma caverna padrão. Em geral as paleotocas são descobertas quando as cavernas já conhecidas são estudadas a fundo, quando as tocas até então conhecidas como cavadas por índios são melhor analisadas, ou quando são realizadas grandes obras em estradas e barrancos.
Boa parte das paleotocas, quando descobertas a partir de cortes em barrancos já se encontram preenchidas por terra de forma parcial ou total, inviabilizando qualquer tentativa de entrada. Isso ocorre graças à erosão e chuvas, porém graças à diferença entre as cores do material arenoso, é possível identificá-las. Estas paleotocas, identificadas de forma já preenchida são denominadas como Crotovinas. Porém, embora a maioria das paleotocas encontradas ultimamente sejam crotovinas, ainda encontramos grandes túneis, totalmente abertos, alguns que inclusive conservam as marcas das garras de animais.
No Brasil existem diversas paleotocas e crotovinas conhecidas, o Projeto Paleotocas da UFRGS tem explorado e pesquisado diversas paleotocas pelo sul brasileiro e mantém um boletim bimestral contendo as notícias sobre suas pesquisas e achados, o Toca News.
Nós dois já visitamos diversas paleotocas em Santa Catarina, de diversos tamanhos, algumas com marcas de garras de animais, outras destruídas por caçadores em busca de ouro e outras recheadas de histórias e lendas acerca de tesouros e achados arqueológicos de índios e jesuítas. Acompanhe os próximos posts da série paleotocas!
E você, já viu alguma paleotoca? Conhece algum túnel que possa ser uma?